O acompanhamento de crianças e jovens superdotados ainda é precário nas
escolas. Nem todas estão preparadas para lidar com o aluno acima da
média, e não fazem o que é recomendado, como por exemplo, pular o aluno
para uma série mais adiantada.
“Para que ele possa avançar, para que possa acelerar de um ano para o outro. Por exemplo, esse menino está na terceira série, mas já tem pleno domínio do conteúdo da terceira série. Inclusive apresenta uma desmotivação acerca dos conteúdos administrados em sala. Então que ele possa ser acelerado, que possa ser passado para a quarta série - inclusive as escolas estão aptas a promover essa aceleração. Ah, mas de repente o menino vá sofrer, porque ele vai conviver com pessoas mais velhas do que ele, emocionalmente talvez ele não esteja maduro... Porém as pesquisas dizem para nós que nesses casos eles tendem a se sentir mais valorizados, mais motivados, porque o seu potencial foi reconhecido”.
Andréia Panchiniak, coordenadora do Naah/s da FCEE lamenta ainda que as universidades espalhadas pelo estado não desenvolvam atividades com crianças e jovens com crianças superdotadas.
“Infelizmente nós ficamos muito solitários, a FCEE junto com a Secretaria de Educação. Porque as universidades públicas discutem muito pouco esta questão. Ao contrário do Rio Grande do Sul, do Paraná, do Rio de Janeiro... e o que a gente observa é que, em experiências nos Estados Unidos e na Europa, as Universidades são os espaços onde esses alunos são atendidos. Eles vão para fazer estágios, para fazerem oficinas, para receberem tutoramento. Por exemplo, eu tenho um menino adolescente excelente em matemática. Com um nível de raciocínio diferenciado, que consegue resolver as questões por um caminho diferente, por um viés diferente. Para onde eu posso encaminhar? A universidade seria um espaço. Inclusive nós já tivemos parcerias, em alguns momentos, com a Universide Federal de Santa Catarina, com o laboratório de matemática, para encaminhar esses alunos. Eu acho que as universidades precisam discutir essa clientela".
A pedagoga e psicóloga explica que a família de uma criança superdotada é uma família preocupada.
“Porque percebe que esse sujeito tem um ritmo de aprendizagem que se diferencia da norma. Que ele precisa de suporte e estratégias diferentes. Que tem um nível de exigência maior. Uma criança acima da média que não recebe os recursos necessários, aquele potencial tende a se diluir, a entrar em um ritmo de normatização. Ele tenta a se igualar aos demais. Ou, o que é mais grave ainda, ele começa a apresentar uma série de características comportamentais que vão desde o desistímulo, ele começa a ficar apático, a se desinteressar pela rotina escolar, até um comportamento extremamente hiperativo, quando ele começa a ficar agitado em sala de aula ou começa a rivalizar com o professor - que o vê como um oponente - na tentativa de buscar um espaço de atenção e acolhimento”.
Ao perceber que a criança tem altas habilidades, Andréia recomenda que as famílias procurem as integradoras regionais de educação especial que ficam nas Secretarias de Desenvolvimento Regional.
“As integradoras de educação especial são as profissionais nas regiões do estado que são responsáveis por integrar, por articular a educação especial naquela região. E como as altas habilidades também são clientela da educação especial, cabe a essas profissionais buscarem as pontes, tanto conosco como com as parcerias da região”.
Transcrição da matéria veiculada em áudio no site da Rede de Notícias Acaert (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão), que entrevistou a coordenadora do Naah/s, Andréia Panchiniak.
Matéria sobre alunos superdotados realizada pela Rede de Notícias Acaert |
Título: ESPECIAL - Estimativa é que SC tenha cerca de 50 mil alunos
superdotados. Mas apoio aos jovens de alto desempenho ainda é precário.
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