25/06/15 - A ativação do implante coclear é um dos momentos de maior importância e também ansiedade para os pacientes surdos e suas famílias, já que representa o momento que a pessoa irá ouvir pela primeira vez. Na semana passada, profissionais do Serviço de Áudio-Comunicação da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) realizaram o acompanhamento de mais um usuário do Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) que realizou a ativação do seu implante coclear no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.
Acompanhado pela fonoaudióloga Luana Zimpeck e pela pedagoga Fernanda Faucz Andrade, do Serviço de Áudio Comunicação da FCEE, o menino Iago Amorim, de cinco anos de idade, ouviu pela primeira vez na última terça-feira, dia 16 de junho. “Por não sabermos qual será a reação de cada um nesta hora, a ativação do implante coclear é um dos momentos de maior ansiedade, não só para o paciente e sua família, mas também para toda a equipe envolvida”, explicam as profissionais da FCEE. “Para a pessoa que ouve pela primeira vez, os conceitos de ‘som’, ‘voz’ ou ‘barulho’ ainda não existem e começam a ser estabelecidos a partir deste momento”, afirmam, acrescentando que, apesar da possível estranheza, “a ativação também costuma ser o momento mais bonito e emocionante de todo o tratamento”.O implante coclear é um dispositivo eletrônico inserido cirurgicamente na cóclea de pessoas com perda auditiva neurossensorial de grau severo e/ou profundo bilateral, com o objetivo de estimular eletricamente as fibras do nervo auditivo de forma a substituir parcialmente a função da cóclea. É, atualmente, a alternativa mais indicada para deficientes auditivos que não alcançaram níveis satisfatórios de percepção auditiva para os sons da fala com aparelhos auditivos convencionais.
Na ativação, são estabelecidos os parâmetros de funcionamento dos sons que serão identificados pelo processador de fala e que vão permitir ao paciente escutar. Os primeiros trinta dias após a ativação buscam fazer com que a pessoa tenha as primeiras experiências sonoras, percebendo os sons dos ambientes em que vivem e das vozes às quais estarão expostas a partir de então. Assim, depois desse primeiro mês, ocorrerá o primeiro mapeamento, que tem por objetivo ajustar os sons de maneira que fiquem cada vez mais claros, fortes e nítidos, sem provocar qualquer tipo de desconforto.
De acordo com as profissionais da FCEE, é de extrema importância comunicar aos familiares dos pacientes que as reações após a ativação do implante coclear nem sempre são prazerosas, especialmente em crianças. No caso do menino Iago, no entanto, a reação foi de sorrisos e felicidade. “Fiquei surpresa com a reação dele! Achei que iria ficar irritado ou chorar, pois ele ouviu o som pela primeira vez, mas, pelo contrário, ele ria e se escondia no meu colo”, afirmou Mariana Hipólito de Amorim, mãe do menino.
“Daqui pra frente, o tratamento é um trabalho conjunto entre família, terapia e escola, onde os três caminham juntos sem deixar de lado a dedicação e muita paciência, pois o implante coclear apesar de ser uma excelente tecnologia é só uma parte da solução”, destacam as profissionais da FCEE.
Serviço de Áudio-Comunicação da FCEE
O Serviço de Áudio-Comunicação, ligado ao Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) da FCEE, é um programa de atendimento voltado para os usuários de implante coclear, onde a integração entre fonoaudiologia e pedagogia visa o desenvolvimento da criança surda, alinhando os atendimentos com intuito de garantir uma intervenção mais ampla e completa, unindo de forma sistemática habilidades auditivas e comunicativas da criança, estimuladas por situações de aprender a escutar, integrando habilidades de audição, fala, linguagem, cognição, escrita e comunicação, seguindo as seqüências do desenvolvimento natural.
Para ter acesso ao Serviço, os usuários devem passar pelo processo de triagem, com avaliação audiológica, de linguagem, pedagógica e psicológica realizadas pelo Centro de Avaliação e Encaminhamento (CENAE) da FCEE. Após este processo, a pessoa com perda auditiva neurossensorial é encaminhada para o Serviço de Áudio-Comunicação onde os profissionais constatarão em estudo de caso a necessidade de atendimento, com base nos critérios estabelecidos pela equipe multidisciplinar.