em LIBRAS','width=560,height=315,left='+(screen.availWidth/2-280)+',top='+(screen.availHeight/2-157.5)+'');return false;"> 30/06/15 - Promover vivências corporais que promovam a saúde, a socialização e a expressão de pessoas adultas com Deficiência Intelectual e/ou Autismo é o objetivo de um projeto pioneiro no Brasil realizado pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) desde o início de 2014 e que utiliza como base o conceito de psicomotricidade relacional, que defende o lúdico como ferramenta pedagógica em contraposição à visão funcionalista do movimento técnico.
O projeto de atendimento, intitulado Mobilização e realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de Fisioterapia, Educação Física, Psicologia e Pedagogia dos Centros de Educação e Vivência (CEVI) e Educação Física (CEDUF) da FCEE, visa a intervenções sistemáticas que possibilitem vivências diversas de expressão e impressão corporal em ambiente seguro e adequado. Os encontros ocorrem uma vez por semana e envolvem um grupo de cerca de 20 usuários do CEVI, com idades entre 17 e 47 anos, com diagnósticos de Deficiência Intelectual e/ou Autismo.
“A base do nosso trabalho é a psicomotricidade, ou seja, procuramos fornecer materiais para que os educandos possam se expressar livremente. Buscamos um espaço de livre expressão, saúde e bem-estar”, explica a psicóloga Rana Santos, acrescentando que são promovidos jogos e atividades visando a espontaneidade dos usuários. A equipe trabalha de forma integrada para proporcionar atendimento completo e de qualidade, abarcando as diversas necessidades das pessoas atendidas.
Entre os resultados já observados no grupo de educandos, que frequenta os atendimentos desde o início de 2014, estão benefícios como a melhora na qualidade da comunicação, nos níveis de ansiedade e agitação e na tolerância a diversos estímulos, o estabelecimento de vínculo entre pares, o desenvolvimento de novos comportamentos e o aumento do condicionamento físico. “Este trabalho aumenta o repertório de comportamento social das pessoas atendidas e proporciona ganhos de saúde, através da atividade física, e vínculos de companheirismo no grupo”, acrescenta a psicóloga, citando um usuário autista como um dos exemplos de avanço do grupo. “No início do trabalho, ele quase não interagia e agora, após quase um ano de encontros, já se dispõe a fazer várias brincadeiras e atividades propostas”, afirma.
O trabalho realizado pela FCEE é pioneiro no Brasil por ser direcionado para adultos com deficiência e também por ser realizado por uma equipe multidisciplinar. “Não temos conhecimento sobre nenhum trabalho parecido feito com adultos no Brasil, pois com crianças já é feito em alguns lugares”, explica Rana, citando que o projeto nasceu a partir de um curso ministrado para profissionais da FCEE em 2013 pelo professor Airton da Silva Negrine, profissional com mais de 40 anos de experiência nas áreas de educação física, psicomotricidade, educação infantil e educação especial. Na ocasião, Negrine apresentou o conceito de psicomotricidade relacional, que utiliza o lúdico como ferramenta pedagógica em contraposição à visão funcionalista da psicomotricidade, que defende o movimento técnico.
Outro aspecto que torna o trabalho da FCEE pioneiro é o fato que os grupos são formados por pessoas com diferentes deficiências. “A mistura de diagnósticos é uma maneira de proporcionar vivências diversas aos educandos”, explica Rana, salientando que no mesmo grupo estão presentes pessoas com autismo e deficiência intelectual. “Mesmo aqueles indivíduos com comprometimento motor e/ou intelectual mais acentuado têm benefícios diretos, pois o trabalho proporciona experiências motoras e sensoriais diferentes daquelas vividas no seu cotidiano, ampliando o conhecimento do próprio corpo, de suas possibilidades e habilidades, auxiliando-os a lidar melhor com suas limitações e favorecendo suas relações e vínculos”, explica a psicóloga do CEVI, acrescentando que a promoção da espontaneidade durante os atendimentos também leva a ganhos em autonomia e independência.
Psicomotricidade
Psicomotricidade, segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade, é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas e é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.