Bruno Block Labres, 37 anos, tem deficiência intelectual (DI) e deficiência física no pé direito por conta de uma queda que lesionou o quadril. Essas limitações, no entanto, não retiram o entusiasmo do rapaz que todas às terças, quartas e quintas frequenta o grupo de Pré-Qualificação em Sublimação do Programa de Educação Profissional (PROEP) do Centro de Educação e Trabalho (CENET) da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE)
No espaço, juntamente com outros colegas de turma, ele aprende técnicas para impressões em canecas, sendo destacado o desenvolvimento de habilidades e competências compatíveis com as exigências do mundo do trabalho.
O trabalho é supervisionado pelo professor Eduardo Silveira e tem como objetivo qualificar a pessoa com deficiência (intelectual, associada ou não a outras deficiências, e ou Transtorno do Espectro Autista) a uma função profissional por meio de atividades teóricas e práticas.
Na verdade a sala de sublimação funciona como uma espécie de simulação de uma empresa em que os educandos/aprendizes aprendem desde a seleção de imagens no computador, passando pela supervisão da qualidade das peças, estocagem, organização espacial dos produtos, logística de vendas e entregas, entre outros assuntos inerentes a uma empresa, ou seja, possibilita o engajamento em situações reais de trabalho.
Equipe multidisciplinar acompanha os estudantes
“Além disso aqui trabalhamos com eles também questões sociais como a importância da higiene, do autoconhecimento, da socialização e temos também aulas de informática, atividade física e palestras”, destaca o professor Eduardo, enfatizando que as atividades são sempre acompanhadas por uma equipe multidisciplinar entre os quais pedagogos, psicólogos e assistentes sociais.
“Aqui me sinto bastante útil. Desde 2021, quando entrei aqui, aprendi muita coisa. Já aprendi a fazer estampa para caneca [na prensa sublimática], uma coisa que antes eu me achava incapaz”, comemora Josué Campos de Araújo, 15 anos, que tem DI.
Quem também comemora o aprendizado é Luan do Rosário de Souza, 20 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista - TEA “Antes eu nem sabia que existia isso [imprimir na caneca], agora já faço todo o processo. Vou ao computador, escolho as imagens, imprimo no papel, envelopo a imagem e coloco a caneca na prensa sublimática para impressão com calor”, diz.
Alunos passam por etapas de aprendizagem
Com essa experiência, Bruno, Josué e Luan – que já passaram pelo Grupo de Iniciação (período de sondagem e a avaliação das habilidades e competências) – estão participando do segundo processo da primeira etapa do PROEP, que é a pré-qualificação, que tem por objetivo desenvolver atividades relacionadas a determinada função profissional, por meio de atividades teóricas e práticas e de locomoção independente.
Nessa fase eles também aprendem, com ajuda de profissionais, com ações teóricas e práticas, a se locomoverem para sua residência/instituição/trabalho/ comunidade, usando transporte público e demais recursos da comunidade, com independência e autonomia.
Em outra etapa do PROEP os educandos/aprendizes também passam por Qualificação Profissional, que tem como foco a qualificação para emprego e o trabalho. Essa qualificação ocorre por meio de parcerias com as agências formadoras podendo os cursos serem realizados na própria Instituição ou por meio das parcerias extensivas.
A terceira etapa do PROEP ocorre por meio de encaminhamentos dos estudantes para cursos de nível técnico com escolas profissionalizantes, institutos federais e instituições do Sistema "S". (Senai, Sesc, Sesi, Senac, entre outras.). Neste caso para educandos/aprendizes que frequentam ou que já tenham concluido o Ensino Médio com encaminhamento e acompanhamento da equipe CENET quando necessário.
Já na quarta e última etapa, entram na fase do Estágio, Contrato de Aprendizagem e Colocação no Trabalho. Esta etapa é operacionalizada por meio do Serviço de Inclusão e Acompanhamento Profissional (SIAP) que tem como foco o encaminhamento e o acompanhamento de pessoas com deficiência no mundo do trabalho.